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Quando for grande
03:04
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Quando for grande
quero pensar no que vou querer ser
quando for grande
e quero :
ser marinheiro de madrugada,
carteiro ciclista,
jardineiro na hora do almoço do inverno,
dar boas mãos aqui e ali,
ser escritor de ocasião,
artesão de sons,
agricultor de pequena escala,
bailarino mediano ocasional,
investigador de curiosidades variadas,
cozinheiro de almoços e jantares amigáveis,
concertador de insignificâncias,
matemático amador,
coleccionador de coisas,
realizador de eventualidades,
troçador da vida,
tocador de viola,
advogado de algumas causas decentes,
docente de música,
desportista matinal e crepuscular,
inventor de uma data de coisas,
baterista apresentável,
massagista empenhado e informado,
sonhador quanto baste,
exigente mas no troppo,
fluente da língua Italiana e Alemã,
comedor aficionado de Romã,
pintor relativamente capacitado,
desenrascador perseverante,
viajante de temporadas,
Segundo-Ministro de nada,
seguidor atento do mundo em redor,
conhecedor de boas e más políticas,
descobridor de montanhas,
fotógrafo de sucedências,
bebedor de bom vinho,
passageiro no Minho,
fumador controlado mas consolado,
maquinista
e
poeta de versos e listas como esta.
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2. |
Avó Gracinda
09:37
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3. |
Ritmo e umas Trocas
07:21
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4. |
Chá
08:14
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5. |
O Tempo
01:44
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Estás a ver,
ali ao fundo,
aquela linha estreita
invisível?
ali
entre o agora
e o depois,
aquela linha turva
que quando olhas
faz de conta que desaparece
mas está lá
turva e silenciosa
cheia de quietude
no extremo do sorriso
Sim, essa
que se multiplica
na borda dos olhos
e se estende
no plano da face
e do riso
aquilo que parecem
as linhas de amanhã
no horizonte lateral
dos rostos
Essa que,
ora é
elegante e curvilínea
ora se some
nos espelhos do sol
essa linha
é toda a mesma
mesmo aquela
que separa
arroxeada
a rocha
da geada,
que é como quem diz
a montanha
do céu,
Sabes essa?
A que faz lembrar
o nevoeiro íntimo
no meio dos corpos
quando
uns nos outros
vão em verão
e
a linha funda e surda
que separa os lábios?
aquela,
que mal se faz
desaparece,
da trajectória
húmida e fugaz
de uma andorinha
lá ao longe
estás a vê-la,
ali
entre
o corpo recto da planta
e
a preguiça
do vento?
essa linha
é o tempo.
é nosso amigo
vamos deixá-lo,
de quando em vez,
passar devagarinho?
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6. |
Avô Zé
06:04
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7. |
Atalhos e Atrasos
10:32
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8. |
Çfrozen
05:58
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9. |
Canção de Embalar
04:11
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Não faz mal dizer ao mundo
que falhaste e que tens medo
afinal quem não o tem
e quem não errou também?
Depois de ter dito tudo
vai deitar-te e dorme bem
amanhã o dia é novo
e está cá pra ti também
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10. |
Bolor Radioactivo
07:26
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Há na estrada rostos exactos
os corpos são automáticos
Há no sol,
bolor radioactivo
O mundo é desigual
daqui vê-se mal
Há no sol,
bolor radioactivo
Uns andam com a fome
na mão
sabes disso em vão
Há no sol,
bolor radioactivo
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GRILO Porto, Portugal
GRILO
poet, musician, artist interested in the languages of absurdity and wonder.
poeta, músico, artista interessado nas linguagens do absurdo e do espanto.
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